quinta-feira, 17 de abril de 2008

O valor das coisas

Na verdade, este mundo está de pernas para o ar. O que outrora era considerado estranho, agora é entendido, como absolutamente natural. Diz-se que tudo isso, todas essas mudanças, é o resultado do modernismo, ou se quisermos, evolução da sociedade humana.
É verdade, hoje quase tudo é aceite em nome da modernidade, mas raras vezes nos questionamos se realmente tudo o que muda, evolui para o positivo, para o nosso bem, ou não.
Tenho por mim que há muitas coisas modernas, que na verdade nada mais são, senão deturpação de uma realidade que ao longo de séculos acompanhou o homem, sem por eu causa a sua segurança ou bem-estar.
No entanto quisemos considerar certos hábitos, e diga-se de passagem, bastante sadios, de ultrapassados ou antiquados, unicamente porque vivemos numa época em que as coisas mudam tão frequentemente, como nunca antes se verificou.
Só por isso, talvez, o homem moderno, acha-se no direito de ter que mudar as regras a que nos habituamos secularmente, com o único propósito de se sentir moderno e pertencente a esta era, como que se esses costumes, que afinal são a nossa identidade comum, fossem propriedade somente desse passado.
Hoje em dia, a sociedade obriga-nos a todo o custo, ao consumo do supérfluo, relegando para outros planos, o essencial. Somos obrigados a valorizar o que tem menos importância para as nossas vidas e viramos a cara ao essencial. Estamos a inverter as ordens das coisas, muitas vezes por simples caprichos, acelerando desnecessariamente o processo da evolução natural das regras que deviam ditar a nossa existência.
Alguns sinais já estão bem perceptíveis de que afinal talvez não estamos a trilhar a direcção certa, mas mesmo assim, ainda continuamos a insistir cegamente nos novos valores da nossa modernidade.